quinta-feira, 14 de junho de 2012

Soneto luxurioso VI


      Atenta bem, ó tu que amando estás
E a quem turva tão doce empreendimento,
Neste que leva a cabo tal intento
Ledamente fodendo onde lhe apraz.

      Sem de qualquer escola andar atrás
Por trepar verbi gratia a todo tento,
Fará feito sem par e a seu contento
O que possa foder sem ver loquaz.

      Vede como nos braços a levanta
Ele, que as pernas dela tem dos lados
E como de prazer já se quebranta.

      Não se perturbam por estar cansados.
Mas o jogo lhes dá ardência tanta
Que fodendo queriam-se finados.

      E retos, sem cuidados,
Ofegam juntos, de prazer frementes,
E enquanto ele durar, estão contentes.

Pietro Aretino, Sonetos luxuriosos
Tradução José Paulo Paes

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