terça-feira, 3 de abril de 2012
Fera domesticada IV (parte final)
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O fauno
Da alta noite,
Quando a sombra é como a augusta
Antecipação da morte,
Grita o fauno:
— "Bem que velho,
Te reclamo,
Bem que velho,
Te desejo,
Quero e chamo,
O novelletum quod ludis
In soliludine cordis!
Ó desejada que ainda
Não sabes que és desejada!
Deixa os brancos véus do pejo
E no inóspito jardim
Das oliveiras te cobre
Do cilício da paixão!
Respira as auras ardentes,
Cospe fogo,
Vira vento e furacão,
Sopra rijo sobre mim,
Me delabra, me ensorcela,
Ninfa bela!
Não jamais
Ninfomaníaca: és triste,
És calada,
És elegíaca.
Por isso mesmo é que te amo,
Te desejo,
Quero
E chamo,
Ninfa! Aonde estás? Aonde?..."
Grita o fauno, mas só o eco
De sua voz lhe responde
Na calada
Da alta noite,
Quando a sombra é como a augusta
Antecipação da morte.
Manuel Bandeira, Estrela da tarde
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