domingo, 30 de dezembro de 2012

Lolito (com vídeo)


Balaio de gatos

Joia do Islã (ensaio completo)


Quando, há pouco mais de um ano, comecei o Sensual Ascese, a ideia era fazer um blog enxuto, de rápida visualização e fácil navegabilidade, por isso a opção por manter as postagens completas na página inicial, com todas as imagens à disposição, sem a necessidade de um clique a mais. Para tornar o blog mais dinâmico, mais leve e diversificado, resolvi então postar os ensaios maiores de maneira seriada, divididos por partes. Contudo, com o passar do tempo, o blog foi aumentando, ficando mais denso e ambicioso, de modo que passei a dar preferência à publicação de ensaios na íntegra. É por isso que, a partir de hoje, passo a republicar os ensaios inicialmente publicados de maneira seriada, começando pelo primeiro ensaio do Sensual Ascese.

domingo, 23 de dezembro de 2012

A Torre de Babel ou a porra do Soriano

























Eu canto do Soriano o singular mangalho!
Empresa colossal! Ciclópico trabalho!
          Para o cantar inteiro e para o cantar bem
precisava viver como Matusalém.
          Dez séculos!
                                     Enfim, nesta pobreza métrica
cantemos essa porra, porra quilométrica,
donde pendem colhões de que dão ideia vaga
as nádegas brutais do Arcebispo de Braga.

                                             *

Sim, cantemos a porra, o caralho iracundo
que, antes de nervo cru, já foi eixo do Mundo!
          Mastro de Leviatã! Iminência revel!
          Estando murcho foi a Torre de Babel
          Caralho singular! É contemplá-lo
                                                                                É vê-lo
teso! Atravessaria o quê?
                                                          O Sete-Estrelo!!
Em Tebas, em Paris, em Lagos, em Gomorra
juro que ninguém viu tão formidável porra!
          É uma porra, arquiporra!
                                                                É um caralhão atroz
que se lhe podem dar trinta ou quarenta nós
e, ainda assim, fica o caralho preciso
para foder a Terra, Eva no Paraíso!!
          É uma porra infinita, é um caralho insonte
que nas roscas outrora estrangulou Laoccoonte.

                                             *

Oh, caralho imortal! Oh glória destes lusos!
Tu podias suprir todos os parafusos
que espremem com vigor os cachos do Alto Douro!
Onde é que há um abismo, onde há um sorvedouro 
que assim possa conter esta porra do diabo??!
O Marquês de Valadas em vão mostra o rabo,
em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano!
          — Nada, nada contém a porra do Soriano!!

                                             *

Quando morrer, Senhor, que extraordinária cova,
que bainha, meu Deus, para esta porra nova, 
esta porra infeliz, esta porra precita,
judia errante atrás duma crica infinita??
— Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto
que lhe dá de abrir talvez um dia um terramoto
para que deságüe, esta porra medonha,
em grossos borbotões de clerical langolha!!!

                                             *

A porra do Soriano, é um infinito assunto!
Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto?
          Onde é que ela começa?
                                                            Onde é que termina
essa porra, que estando em Braga, está na China,
porra que corre mais que o próprio pensamento
porque é porra de pardal e porra de jumento??
          Porra!
                         Mil vezes porra!
                                                            Porra de bruto
que é capaz de foder o Cosmo num minuto!!


Guerra Junqueiro, 1882.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Hysterical Literature


Hysterical literature é um projeto do fotógrafo Clayton Cubbit, que traz mulheres provocantes lendo livros de teor erótico enquanto são sexualmente estimuladas por um vibrador controlado à distância. A primeira convidada foi a atriz pornô Stoya, que, durante quase sete minutos, leu um trecho de Necrophilia variations, escrito por Supervert (aparentemente, o nome um coletivo de autores; saiba mais aqui). A atriz registrou em seu tumblr as impressões da inusitada sessão de leitura.


O vídeo foi um sucesso, contabilizando mais de quatro milhões de visualizações no YouTube desde sua publicação no primeiro dia de agosto de 2012. Já o segundo vídeo conta com Alicia lendo Leaves of grass, do poeta norte-americano Walt Whitman:



No terceiro vídeo da série, Danielle faz a leitura de Still life with woodpecker, de Tom Robins.




Stormy, no quarto vídeo, lê American psycho, de Bret Easton Ellis.




Finalmente, no quinto vídeo, Teresa lê Sexing the cherry, de Jeanette Winterson.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cantiga de maldizer


Maria Mateu, daqui vou desertar.
De cona não achar o mal me vem.
Aquela que a tem não me quer dar
e alguém que me daria não a tem.
       Maria Mateu, Maria Mateu,
       tão desejosa sois de cona como eu!

Quantas conas foi Deus desperdiçar
quando aqui abundou quem as não quer!
E a outros, fê-las muito desejar:
a mim e a ti, ainda que mulher.
       Maria Mateu, Maria Mateu
       tão desejosa sois de cona como eu!


Afonso Anes de Cotom (trovador português do século XIII),
Antologia da poesia portuguesa erótica e satírica 

Mari’Mateu, ir-me quer’eu daquém,
porque nom possum cono baratar:
alguém que mi o daria nõn’o tem,
e algum que o tem nom mi o quer dar.
       Mari’Mateu, Mari’Mateu,
       tam desejosa ch’és de cono com’eu!
  
E foi Deus já de conos avondar
aqui outros, que o nom ham mester,
e ar feze-os muito desejar
a mim e ti, pero que ch’és molher.
       Mari’Mateu, Mari’Mateu,
       tam desejosa ch’és de cono com’eu!

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