terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cantiga de maldizer


Maria Mateu, daqui vou desertar.
De cona não achar o mal me vem.
Aquela que a tem não me quer dar
e alguém que me daria não a tem.
       Maria Mateu, Maria Mateu,
       tão desejosa sois de cona como eu!

Quantas conas foi Deus desperdiçar
quando aqui abundou quem as não quer!
E a outros, fê-las muito desejar:
a mim e a ti, ainda que mulher.
       Maria Mateu, Maria Mateu
       tão desejosa sois de cona como eu!


Afonso Anes de Cotom (trovador português do século XIII),
Antologia da poesia portuguesa erótica e satírica 

Mari’Mateu, ir-me quer’eu daquém,
porque nom possum cono baratar:
alguém que mi o daria nõn’o tem,
e algum que o tem nom mi o quer dar.
       Mari’Mateu, Mari’Mateu,
       tam desejosa ch’és de cono com’eu!
  
E foi Deus já de conos avondar
aqui outros, que o nom ham mester,
e ar feze-os muito desejar
a mim e ti, pero que ch’és molher.
       Mari’Mateu, Mari’Mateu,
       tam desejosa ch’és de cono com’eu!

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