sábado, 31 de março de 2012
Adolphe William Bouguereau
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sexta-feira, 30 de março de 2012
Yo no creo en los bisexuales... pero que los hay, los hay!
“Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? Este mundo é muito misturado”. Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas
Apesar das lutas que se tem travado por uma sexualidade mais
livre, isenta de preconceitos, a bissexualidade ainda é um assunto controverso,
mesmo entre os homossexuais. Não é incomum ouvir que bissexuais não
existem. Muitas vezes, heterossexuais e homossexuais fazem coro dizendo que o
bissexual não passa de um gay enrustido, que só colocou o pezinho para fora do
armário; outros, em tom mais complacente, dirão que o pobre está apenas
confuso, e que tudo não passaria de uma fase. É surpreendente o quanto esse
tipo de discurso encontra ressonância entre os homossexuais (informe-se aqui).
Isto aconteceria porque os homossexuais, embora estejam
lutando para redefinir valores morais, ainda se guiam por um
sistema de pensamento hétero-normativo. Para tal sistema, o normal é que homens
gostem de mulheres, e vice-versa, qualquer um que manifeste desejo por alguém
do mesmo sexo está radicalmente excluído da norma, portanto é necessariamente homossexual. Ou hétero, ou gay; preto no branco. Aceitar que um homossexual possa
desejar também uma pessoa do sexo oposto coloca em xeque a própria identidade
heterossexual. O que impediria, nesse caso, que um heterossexual também
sentisse desejo por uma pessoa do mesmo sexo? A hétero-normatividade necessita
de identidades sexuais estáveis e estanques, não intercambiáveis. A bissexualidade embaralha as peças no tabuleiro, violando as regras do jogo. Se um
gay não é sempre um gay, quais garantias um hétero terá de sempre ser hétero? Diante
da bissexualidade, muitas certezas socialmente construídas se desfazem e o
indivíduo só pode contar com a consciência em relação ao próprio desejo, que, ao contrário
das identidades sexuais, é fluido. O exclusivismo sexual do gay está aí para
garantir ao hétero a segurança sobre sua própria sexualidade.
Durante seu período de formação como indivíduos, tanto heterossexuais
quanto homossexuais internalizam os valores vigentes, o que resulta
numa forma de enxergar a questão sexual em preto e branco, ignorando-se as
nuances. A educação que recebemos durante
nosso processo de constituição como sujeitos não é apenas uma série de conceitos
que pretendem explicar a realidade em suas variadas facetas. Tais conceitos configuram um padrão de apreensão do real, determinando como
as coisas serão vistas e quais significados podemos atribuir a elas. Dessa maneira,
uma educação hétero-normativa pode alienar o sujeito de alguns aspectos de seu
desejo, na medida em que institui a forma como os dados da experiência psicológica
do indivíduo serão apreendidos e interpretados. Se o sujeito não intui a bissexualidade como uma possibilidade de organização de seu desejo, pode ser que ele
denegue ou recalque seus impulsos homo ou heterossexuais, conforme o caso. Não é
que tais impulsos não estejam ali; eles apenas não chegam a se constituir como
objeto discernível para a consciência do indivíduo. Passam a viver nas sombras,
manifestando-se subliminarmente.
Embora acredite que, potencialmente, todo ser humano é
bissexual, também acredito que há, sim, pessoas que se sentem atraídas
majoritária e preferencialmente por pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto, manifestando
uma tendência natural para a homossexualidade ou para a heterossexualidade. Contudo,
há também aqueles que distribuem seu desejo de maneira mais equalizada, de tal modo que tais tendências naturais possuem uma força menor em
sua estruturação psicológica. Daí teremos um caso “clássico” de bissexualidade,
o que não quer dizer que, mesmo neste caso, não exista uma preferência ainda
que tênue por um dos dois sexos. Da mesma maneira, pode-se dizer que mesmo um
gay muito bem resolvido nutra algum nível de desejo por pessoas do sexo oposto,
um desejo do qual o sujeito talvez estaja alienado, devido ao modo como sua personalidade foi formada (o mesmo pode ser dito de um heterossexual
igualmente bem resolvido).
Imagino que seja difícil para um homossexual, após um penoso processo de auto-aceitação, cogitar a possibilidade de alimentar
algum desejo heterossexual; certamente, parecer-lhe-á um retrocesso diante de
uma difícil conquista, mesmo que tal desejo não seja forte o suficiente a ponto
de se querer colocá-lo em prática. No entanto, o homossexual que se fecha intransigentemente
num exclusivismo sexual, não aceitando a bissexualidade sequer como hipótese
explicativa de certos componentes da experiência humana, está jogando com as
regras do inimigo (a visão de mundo hétero-normativa), que pretende que héteros
e gays estejam apartados por um abismo intransponível chamado desejo. Mas o que se teme na verdade é que o desejo possa ser uma ponte entre ambos.
A bissexualidade é quem indicia a proximidade como um possível, e negar sua
existência é uma tentativa de manter as coisas em seu devido lugar.
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quinta-feira, 29 de março de 2012
Pregando a Palavra
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Fera domesticada III
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quarta-feira, 28 de março de 2012
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terça-feira, 27 de março de 2012
Balthus (Balthasar Klossowski)
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segunda-feira, 26 de março de 2012
A ninfa e os pastores
Por debaixo de um cobertor,
No campo de uma hospedaria,
Benza Deus, com que valentia
Travou-se uma guerra de amor.
Phillis, que gosta de foder
Como os deuses de sacrifícios,
Pensava em ter maior prazer
Alternando os dois orifícios.
De Corydon o ansioso nabo
Que na frente já quase enfiara,
Molhou com longo beijo para
Pôr no — menos usado — rabo.
Por bem mais comprido, ao caralho
De Estêvão, em pé de tesão,
Na cona lhe deu agasalho,
A ele em tantas pugnas campeão.
Uma guerra civil logo há de
Romper, intestina e feroz,
Ao se toparem os heróis
Dentro das tripas da beldade.
Numa fúria de sangue e fogo,
Enristam, empurram, espremem-se,
Almas que se atiram uma à outra
Envoltas em grumos de sêmen.
O cu da cona separou
A Natureza por caução.
Sabe Deus que desolação
Uma guerra assim não causou.
Nem por isso a cena se fecha
De modo pior que o desejado!
A ninfa jaz batida em brecha
E os dois pastores esfalfados.
John Wilmot (Conde de Rochester), manuscrito da Real Biblioteca de Estocolmo, século XVII
Tradução José Paulo Paes
In the Fields of Lincoln's Inn,
Underneath a woollen blanket,
On a flock-bed, God be thanked,
Feats of active love were seen.
Phillis, who, you know, loves swiving
As the Gods love pious prayers,
Lay most pensively contriving
How to use her pricks by pairs.
Corydon's aspiring tarse,
Which to cunt had near submitted,
Wet with amorous kiss she fitted
To her less frequented arse.
Strephon's was a handful longer,
Stiffly propped with eager lust —
In Love's wars no champion stronger —
This into her cunt she thrust.
Now for civil wars prepare,
Raised by fierce intestine bustle,
When these heroes meeting justle
In the bowels of the fair.
They tilt and the thrust with horrid pudder;
Blood and slaughter is decreed,
Hurling souls at one another
Wrapt in flanky clots of seed.
Nature had 'twixt cunt and arse
Wisely placed firm separation.
God knows else what desolation
Had ensued from warring tarse.
Nor did th'event of what we treat on
Happen worse than desired:
The nymph was sorely ballock beaten,
Both the shepherds soundly tired.
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domingo, 25 de março de 2012
Fera domesticada II
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sábado, 24 de março de 2012
Closer - Nine Inch Nails
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sexta-feira, 23 de março de 2012
Fera domesticada
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quinta-feira, 22 de março de 2012
quarta-feira, 21 de março de 2012
Sem rasgar o véu
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Edouard Manet II
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terça-feira, 20 de março de 2012
Em face dos últimos acontecimentos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
que o nosso avô português?
Oh! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros,
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.
A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).
Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
que o melhor é ser pornográfico.
Propõe isso ao teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos?
Carlos Drummond de Andrade, Brejo das almas
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segunda-feira, 19 de março de 2012
Trio animado
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domingo, 18 de março de 2012
Esporte é vida IV (parte final)
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sábado, 17 de março de 2012
sexta-feira, 16 de março de 2012
Pegação a três na praia
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quinta-feira, 15 de março de 2012
Plena nudez
Eu amo os gregos tipos de escultura:
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não essas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.
Quero em pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: de carne exuberante e pura
Todas as saliências destacadas...
Não quero, a Vênus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevê-la
De transparente túnica através:
Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus... toda nua, da cabeça aos pés!
Raimundo Correia, Sinfonias
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Soneto
Casal quente - softcore VI
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quarta-feira, 14 de março de 2012
Esporte é vida III
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terça-feira, 13 de março de 2012
Dando uma pausa nos estudos
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Tamara De Lempicka
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