quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Elegy XIX: To his mistress going to bed (excerto)







     License my roving hands, and let them go
Before, behind, between, above, below.
Oh my America! My new-found-land,
My kingdom, safeliest when with one man manned,
My mine of precious stones, my empery,
How blest am I in this discovering thee!
To enter in these bonds is to be free;
Then where my hand is set, my seal shall be.
       Full nakedness! All joys are due to thee,
As souls unbodied, bodies unclothed must be
To taste whole joys. Gems which you women use
Are like Atlanta's balls, cast in men's views,
That when a fool's eye lighteth on a gem,
His earthly soul may covet theirs, not them.
Like pictures, or like books' gay coverings made
For lay-men, are all women thus arrayed;
Themselves are mystic books, which only we
(Whom their imputed grace will dignify)
Must see revealed. Then, since that I may know,
As liberally as to a midwife, show
Thyself: cast all, yea, this white linen hence,
There is no penance due to innocence.
       To teach thee, I am naked first; why than,
What need'st thou have more covering than a man?


John Donne, The harmony of the muses (1654)








      Deixa que minha mão errante adentre
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra  à vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha mina preciosa, meu império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
       Nudez total! Todo prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As joias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho de tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados, a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente
A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.
       Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.



Tradução Augusto de Campos





Um trecho desta tradução de Augusto de Campos do poema de John Donne, poeta "metafísico" inglês do século XVII, foi musicado por Péricles Cavalcanti e gravado por Caetano Veloso em Cinema transcendental, álbum de 1979, com o título simplificado de "Elegia". Ouça:


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