Orientais em dose dupla

Beliscão

Direto do túnel do tempo

Reuniãozinha íntima

Nu

Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Teus seios exíguos
— Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos —

Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
Boio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.

Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu’alma
Nua, nua, nua…

Manuel Bandeira, Estrela da tarde

Loiraça

Rapaz atlético

Paranoid Android - Radiohead

Compartilhando o sofá IV (parte final)

Um boquete apenas

Bela perspectiva

Negro sobre fundo negro

John Singer Sargent

Nude study of Thomas E. McKellen (1920)

Carnaval, festa da carne

Ao vivo

Domingo, dia de lavar o carro

A uma mulher amada

Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.

Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem-querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
e pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro ... eu tremo.

Safo de Lesbos,

Tradução Décio Pignatari

Sem restrições

Dando de beber a um anjo

Compartilhando o sofá III

Born Villain - Marilyn Manson

Iniciando o namorado

Preguiça de estudar

"Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura."

Fernando Pessoa, excerto de "Liberdade"

Andy Houghton - Atonement

Tattoo III

Sessão de fotos

Uma pausa no trabalho

Fetiche IX

Wilhelm Gallhof

Die korallenkette (1918)

Agente secreto

Na penumbra

Raiava, ao longe, em fogo a lua nova,
Lembras-te?... apenas reluzia a medo,
Na escuridão crepuscular da alcova
O diamante que ardia-te no dedo...

Nesse ambiente tépido, enervante,
Os meus desejos quentes, irritados,
Circulavam-te a carne palpitante,
Como um bando de lobos esfaimados...

Como que estava sobre nós suspensa
A pomba da volúpia; a treva densa
Do teu olhar tinha tamanho brilho!

E os teus seios que as roupas comprimiam,
Tanto sob elas, túmidos, batiam,
Que estalavam-te o flácido espartilho!

Raimundo Correia, Sinfonias

Compartilhando o sofá II

Martin Kovalik

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